Nova York (EUA) - A determinação do US Open de reduzir o número de eventos na edição deste ano não atingiu apenas os tenistas que disputariam o quali e a chave de duplas, mas também os atletas do tênis em cadeira de rodas. Representantes da modalidade criticaram a organização do Grand Slam norte-americano, especialmente porque não teriam sido consultados sobre o assunto.
Quem liderou as queixas foi o australiano Dylan Alcott. Ele é bicampeão do US Open o líder do ranking mundial na divisão Quad, destinada aos atletas com deficiência em três ou mais membros. Nessa modalidade, homens e mulheres podem competir juntos.
"Acabaram de anunciar que o US Open vai acontecer sem o torneio de tênis de cadeira de rodas. Os jogadores não foram consultados. Pensei ter feito o suficiente para me qualificar. Sou duas vezes campeão e número 1 do mundo. Mas, infelizmente, não tenho a única coisa que importava: poder andar. Discriminação nojenta", escreveu Alcott no Twitter.
And please do not tell me I am a ‘greater risk’ because I am disabled. I am disabled yes but that does not make me SICK. I am fitter and healthier than nearly everybody reading this right now. There are no added risks.
— Dylan Alcott (@DylanAlcott) June 17, 2020
"E, por favor, não me diga que tenho um 'risco maior' porque tenho deficiência, porque isso não me deixa doente. Eu sou mais saudável e estou em melhor forma do que quase todo mundo que está lendo isso agora. Não há riscos adicionais", acrescentou o jogador de 29 anos.
"E com certeza há coisas muito mais importantes acontecendo no mundo, mas essa escolha deveria ter sido minha. É uma discriminação flagrante que outras pessoas decidam em meu nome o que eu faço com minha vida e com a minha carreira apenas porque sou deficiente", complementou o jogador australiano.
Massively disappointed to find out on twitter this morning that the @usopen plan on cutting wheelchair tennis from this years tournament. The wheelchair players have had ZERO communication or consultation from either the ITF or the Grand Slam around this decision.
— Gordon Reid (@GordonReid91) June 18, 2020
O britânico de 28 anos Gordon Reid, campeão paralímpico na Rio 2016 e quinto no ranking masculino do tênis em cadeira de rodas, logo deu apoio ao colega de profissão. "Fico muito decepcionado por descobrir pelo Twitter hoje de manhã que o US Open planeja retirar o tênis em cadeira de rodas do torneio deste ano. Os jogadores tiveram comunicação ou consulta zero da ITF ou do Grand Slam sobre essa decisão".
ITF terá conversa com o US Open
Após as queixas dos jogadores, a Federação Internacional de Tênis (ITF) prometeu conversar com a organização do US Open para viabilizar o torneio. "Continuamos discutindo com os organizadores sobre as possíveis abordagens que podem permitir que a competição do tênis em cadeira de rodas ocorra dentro ou fora do complexo", diz a nota oficial.
"A ITF entende e compartilha a decepção sentida por muitos por não ser possível para o US Open sediar um evento em cadeira de rodas este ano", seguiu o comunicado. "Apreciamos plenamente os enormes desafios logísticos enfrentados pelos organizadores em tempos sem precedentes. É certo que, em meio a uma pandemia global, a segurança de todos os concorrentes deve ser prioridade".
ITF statement in response to US Open 2020 announcement regarding Wheelchair tennis
— ITF Media (@ITFMedia) June 18, 2020
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