Turim (Itália) - Uma partida válida pela última rodada da fase de grupos do ATP Finals determinou o fim da carreira profissional do duplista romeno Horia Tecau. Ele e o alemão Kevin Krawietz já não tinham mais chances de classificação no grupo Verde em Turim, após duas derrotas nas duas primeiras rodadas, mas conseguiram uma vitória diante dos já classificados Marcel Granollers e Horacio Zeballos, com parciais de 6/3, 6/7 (1-7) e 10-6 em 1h39 de partida nesta quinta-feira.
Tecau, de 36 anos, chegou a ser o segundo melhor duplista do mundo em 2015 e ocupa atualmente o 18º lugar do ranking. Sua parceria com Krawietz foi a oitava melhor na temporada do circuito. O romeno conquistou dois Grand Slam nas duplas masculinas, ao lado do holandês Jean-Julien Rojer. Juntos, eles foram campeões de Wimbledon em 2015 e do US Open em 2017. Também conquistaram o Finals em Londres, há seis temporadas. O experiente duplista ganhou 38 torneios da ATP e três Masters 1000 na carreira.
"Estou muito feliz. Não poderia ter tido um roteiro melhor para viver esse momento. Sou muito grato por estar aqui no final do ano, no maior palco, e por jogar contra amigos que conheço há 15 anos ou mais, além de sair com uma vitória", disse Tecau, na entrevista coletiva desta quinta-feira em Turim. "Vou deixar o esporte com esse sentimento. Estou muito feliz por viver este momento. Antes da partida, todas as emoções surgem e você tenta se concentrar e colocar tudo de lado durante a partida. Tivemos boa atitude e boa energia e nos apoiamos para buscar a vitória. É ótimo sair com a vitória, é uma boa maneira de se despedir".
Bowing out in style 👏@KrawietzKevin and @HTecau leave the #NittoATPFinals with a 6-3 6-7 10-6 victory over Granollers and Zeballos pic.twitter.com/xIij1H7hfL
— Tennis TV (@TennisTV) November 18, 2021
'Ainda posso jogar em alto nível, mas é hora de aproveitar a vida'
Perguntado sobre a longevidade da carreira dos duplistas, já que muitos conseguem jogar em alto nível até os 40 anos ou mais, Tecau garante que ainda teria condições físicas de jogar, apesar de já sofrer com algumas dores, mas que isso não foi um fator determinante para sua decisão. "Esse momento chega para todos e cada pessoa é diferente. Alguns de nós, jogadores de duplas, começamos muito cedo na carreira de especialistas, inclusive eu. Aos 23 anos, eu já jogava só duplas. Tive a sorte de não me lesionar e de jogar de forma consistente ao longo dos anos e ter sucesso. Sempre tive que dar tudo de mim. Mesmo nos treinos, tinha que dar 100%. Agora estou chegando perto dos 37 anos e o corpo sente isso".
"Mas não é esse o motivo, porque ainda posso jogar em um bom nível. Sinto que é hora de aproveitar a vida de uma maneira diferente. Foram muitas viagens e muito tempo longe de casa, então você acaba perdendo algumas coisas que gosta de fazer. Tratei o esporte muito a sério e aproveitei meu tempo livre, mas sinto que agora é a hora de fazer outra coisa. Só que antes de fazer isso ou falar sobre os meus próximos passos, preciso de uma pausa (sorrindo)", explica o agora ex-jogador, que acumulou 471 vitórias no circuito de duplas da ATP e uma premiação na carreira superior a US$ 5,8 milhões.
Tecau coloca a conquista de Wimbledon como o ponto alto de sua carreira profissional. "Eu diria que o meu maior sonho realizado foi vencer em Wimbledon. Não me lembro necessariamente do dia do jogo, mas de todo o processo por trás dele, ao formar a dupla com o Jean-Julien, que tinha o mesmo sonho e a mesma crença. Perdemos muitas partidas e consertamos as coisas, acreditando em nós mesmos e no nosso objetivo. Então, conseguir isso, provavelmente, foi uma grande lição e também um grande momento de realização. Isso provavelmente se destaca".
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Parceiros e amigos no circuito de duplas
O romeno também destacou os parceiros de duplas que teve ao longo da carreira e as amizades que construiu no circuito. "Tive a sorte de ter grandes parceiros ao meu redor. Aprendi muito com Robert [Lindstedt] e com o Max Mirnyi. O Jean-Julien sempre esteve por perto e também estou muito feliz por me juntar ao Kevin este ano. Foi uma jornada muito agradável, com ótimas pessoas ao meu redor".
"Tem muitos caras que eu lembro de enfrentar em simples, jogando futures, caras como Kubot e o Soares. Nós crescemos juntos, estando longe de nossas casas durante o circuito. Não tínhamos uma equipe por perto. Nós tínhamos um ao outro. Às vezes estávamos competindo um contra o outro e depois íamos jantar porque era isso que tínhamos. Quando você faz essas amizades, um torce pelo outro porque conhecem a história um do outro".