Paris (França) - Nova diretora de Roland Garros, a francesa Amelie Mauresmo teve em 2022 seu primeiro teste comandando o torneio e encarou algumas pequenas polêmicas, a principal delas envolvendo a sessões noturnas, que além de serem criticadas por acabarem muito tarde, também mostraram um privilégio para os homens, com apenas uma partida feminina marcada para este horário.
“Era mais difícil ter uma partida noturna com apenas tenistas do sexo feminino para espectadores que tinham apenas ingressos para um jogo. Como mulher e ex-jogadora, não me sinto mal ou injusta dizendo que as partidas masculinas têm neste momento mais apelo”, afirmou Mauresmo, defendendo as escolhas que foram feitas.
O único jogo feminino marcado para a noite foi entre a local Alizé Cornet e a letã Jelena Ostapenko, na quinta-feira dia 26, sendo todos os outros da chave masculina. “Meu objetivo era tentar ver que partida da chave feminina poderia colocar lá. Honestamente, eu realmente considerei isso quase todos os dias, mas foi difícil por mais de uma noite encontrar (no feminino) o que podemos chamar de ‘jogo do dia’ para colocar na sessão noturna”, falou a diretora.
Questionada se jogar à noite, podendo terminar a partida bem tarde, seria um privilégio para o tenista ou um fardo, Mauresmo foi direta. “Acho que dá para ver os dois. Alguns deles gostam de jogar à noite e outros odeiam. Alguns acham que é um privilégio, e outros preferem acabar o dia mais cedo”, comentou a francesa.
Além do privilégio masculino, a organização de Roland Garros foi colocada contra a parede em relação ao público das sessões noturnas, que nem sempre ficava todo até o final por causa do transporte. Mauresmo defendeu a manutenção dos jogos noturnos, falou que as arquibancadas estavam sempre cheias, mas reconheceu que a questão da saída é um problema a ser resolvido.
“Será uma de nossas prioridades no futuro. Ainda não planejamos nada, mas obviamente precisamos nos organizar de forma diferente com o Departamento de Transportes de Paris, com os sistemas de ônibus, com o sistema de metrô. Se continuarmos com essas sessões noturnas nessa direção, as pessoas precisam ter como voltar para casa”, falou a diretora de Roland Garros.
Outro ponto que ela reconheceu precisar melhorar é a programação dos jogos que abrem o dia nas quadras Suzanne Lenglen e Philippe Chatrier, com 18 das 20 partidas agendadas para o primeiro horário em nesta quinzena, que é tradicionalmente o horário que recebe menos torcida e audiência de TV, foram partidas femininas. Não sabia o número. Para ser honesto, vou no dia a dia mais, mas é um bom ponto. Sabendo esse número agora, ao qual não prestei atenção, é algo a levar em consideração para o futuro com certeza”.