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Versátil, Stefani é campeã com diferentes estilos
13/02/2023 às 18h44

Mesmo com as mudanças de parceira, Luísa Stefani consegue se adaptar e vencer na temporada

Foto: Mubadala Abu Dhabi Open
Mário Sérgio Cruz

Invicta no circuito de duplas na temporada, com títulos em Abu Dhabi e Adelaide, além da conquista do Australian Open nas duplas mistas, Luísa Stefani tem se destacado também por sua versatilidade. Ainda sem fixar uma parceria desde que voltou de lesão e cirurgia no joelho direito, que a deixaram fora do circuito por 12 meses, ela tem conseguido bons resultados mesmo atuando com jogadoras de estilos bastante diferentes entre si.

No início do ano na Austrália, Stefani teve como parceira a norte-americana Taylor Townsend, tenista canhota e adepta de um raro estilo de jogo com saque e voleio. Townsend é lembrada, por exemplo, por uma vitória contra Simona Halep em simples no US Open, quando arriscou mais de cem subidas à rede. Já na última semana, nos Emirados Árabes, atuou ao lado da experiente chinesa Shuai Zhang, de jogo sólido do fundo de quadra e muita agressividade nas devoluções de saque.

Desde que voltou ao circuito, Stefani também conquistou o título do WTA 250 de Chennai com a canadense Gabriela Dabrowski, venceu um WTA 1000 em Guadalajara com a australiana Storm Hunter, além de ter atuado no saibro de Montevidéu, em parceria brasileira com a carioca Ingrid Martins, com uma conquista do WTA 125 local. E mesmo com o pouco tempo de adaptação às condições, a paulista de 25 anos tem conseguido bons resultados e se sentido livre para jogar da maneira como se sente mais confortável.

"Consegui jogar com várias parceiras, de estilos de jogo diferentes. Acho que a Gaby e a Taylor gostam de jogar mais na rede, assim como eu. Enquanto a Storm e a Shuai preferem jogar mais de fundo. Esses tipos de jogo se complementam muito com o meu e eu gosto de atuar das duas maneiras. Isso me dá muito conforto para fazer o que eu faço de melhor, que é ser mais agressiva na rede, ter liberdade e ser mais espontânea em quadra. Tem sido muito bom conseguir resultados com esses dois estilos de jogo, com excelentes tenistas e grandes amigas fora da quadra. Foi muito boa essa adaptação às parcerias", avaliou Stefani, em entrevista a TenisBrasil.

A parceria com Zhang foi pontual apenas por uma semana em Abu Dhabi. Já nesta semana em Doha, Stefani e Zhang serão adversárias. A brasileira joga ao lado da cazaque Anna Danilina, enquanto a chinesa terá a companhia da mexicana Giuliana Olmos. A estreia já acontece nesta terça-feira, por volta de 12h30 (de Brasília), na quadra Grandstand 2 do complexo.

"Eu já conhecia bastante a Shuai, tanto de jogar contra, como de assistir aos jogos dela com a Bia [Haddad Maia, que já atuou ao lado de Zhang em alguns torneios desde o ano passado]. Era só uma questão de adaptar e ver como a gente ia se ajudar na quadra, e acabou dando super certo. Consegui ajudá-la bastante na rede e usar a potência dela nas devoluções. Ela tem muita experiência e já jogou com muita gente boa, gostei muito do know-how dela de visão de jogo. Então foi uma semana bem interessante", avaliou a número 30 do mundo entre as especialistas em duplas.

"Estamos em novas duplas, e vamos jogar uma contra a outra logo na primeira rodada, mas é assim o circuito. Já estou me preparando aqui me Doha para a estreia com a Danilina. A gente só conseguiu treinar um dia, mas conheço muito bem o jogo dela, e ela me conhece. Nosso plano vai ser juntar nossas armas e ver o conseguimos fazer juntas. Vamos nos desenrolando na quadra. É uma estreia dura, mas estou animada com mais essa parceria".

Maior confiança para execução dos movimentos

A cada semana, Stefani vai se sentindo mais confiante para executar qualquer movimento na quadra, sem tantas preocupações ou limitações por conta do joelho. "Nos primeiros torneios, eu ainda sentia bastante diferença, mas foi sempre melhorando desde o início da recuperação. Ainda tem coisas que eu preciso trabalhar, mas no momento o joelho não é mais uma preocupação. Obviamente ainda preciso fazer toda uma manutenção do corpo no geral, e do joelho em especial, para conseguir executar os movimentos e ir melhorando. Mas é um trabalho contínuo e estou muito feliz com a evolução do joelho, que não precisa mais ser uma prioridade, como era antes".

Volta ao Brasil e trabalho com Leo Azevedo
Durante o período de recuperação, Stefani também decidiu voltar a morar e treinar no Brasil, depois de passar muitos anos nos Estados Unidos, desde o high-school, passando também pelo tênis universitário. Ela agora é acompanhada pelo técnico Leo Azevedo, que tem longa experiência no circuito e passou por centros de treinamento e formação nos Estados Unidos, Espanha e Reino Unido.

 
 
 
 
 
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"Foi uma grande mudança de vida no geral, porque eu me mudei para os Estados Unidos quando tinha 14 anos de idade. Então, toda essa fase de transição, educação e crescimento eu fiz lá. É uma cultura muito diferente. Tanto de vida, quanto tenisticamente, nas quadras, torneios e estilos de jogo".

"E durante a recuperação, voltar para o Brasil foi a melhor decisão que fiz. Estou mais próxima da família e gosto muito da minha equipe médica, que foi e continua sendo muito importante na minha carreira. E acabou dando super certo de me conectar com o Leo, que é um treinador super experiente e já trabalhou em vários centros de treinamento do mundo, com vários profissionais. E agora trazê-lo um pouco para o mundo das duplas tem sido bem legal. Acho que os resultados mostram a nossa melhora e como a gente tem dado certo como time", avaliou.

Apoio e reconhecimento após Olimpíadas e Grand Slam
Medalhista olímpica ao lado de Laura Pigossi nos Jogos de Tóquio, Stefani se tornou mais conhecida e também muito querida pelo público brasileiro desde a conquista no Japão. Ela comentou sobre o reconhecimento após o primeiro título de Grand Slam, junto do gaúcho Rafael Matos, e o quanto o apoio que recebido de tanta gente foi importante nesse ano em que ficou longe das competições.

"Tenho recebido muitas mensagens, carinho e torcida antes e depois dos Jogos. E principalmente depois do Grand Slam, que foi uma conquista muito grande para mim e para o Rafa. Foi muito legal compartilhar essa vitória com todo mundo e trazer essa alegria para casa. Durante a recuperação, estando um ano fora, voltar para casa para ser minha base foi muito importante. Também dou muito crédito a isso para a fase que voltei depois".

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