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Pouille revela depressão e lembra seu pior momento
26/03/2023 às 19h44

Paris (França) - Tentando se recuperar após um 2022 desastroso, o francês Lucas Pouille contou que a temporada passada não foi ruim apenas por causa das lesões e dos maus resultados. A cabeça também entregou os pontos e no seu momento mais sombrio ele mal conseguia vislumbrar um futuro, chegando a jogar todas as raquetes fora, mas depois conseguiu se reencontrar e agora mira os Jogos de Paris.

“Comecei a ter um lado mais sombrio e entrei em uma depressão que me pegou depois de Roland Garros. Estava na Inglaterra, dormia apenas uma hora à noite e ia beber sozinho”, contou Pouille em entrevista ao L’Equipe, que depois de cair na estreia no saibro parisiense, perdeu mais dois jogos seguidos em challengers na grama inglesa antes de resolver dar um tempo no circuito.

“Passei duas semanas no hospital em Nice em uma câmara hiperbárica para me ajudar a curar mais rápido, cercado por gente com câncer terminal, moribundos e doentes. Estava lá por causa de uma pequena fratura na costela, mas me assustou muito. Não conseguia pregar o olho, estava afundando em algo sombrio e acordava com os olhos saltando”, disse o francês.

A fase ruim dentro de quadra e os problemas físicos acabaram afetando bastante o lado mental de Pouille. “Depois de uma semana sem dormir, joguei todas as minhas raquetes no lixo e perguntei à minha família: 'Você acha normal que, aos 28 anos, sendo pai, eu chore todas as noites no meu quarto de hotel toda vez que perco?'”, falou o atual 459 do mundo que foi top 10 no seu melhor momento.

“Eu me tranquei, não falei com ninguém sobre isso, pois não sou o cara mais falador. Estava em uma condição ruim, mas então disse chega. Caso contrário, teria acabado no asilo. A gota d'água foi que, no meio da noite, recebi uma notificação no meu celular e vi uma foto da minha filha e percebi que não podia ficar assim”, relembrou Pouille.

“Foi muito interessante parar de falar de tênis, foi muito bom para minha cabeça. Penso nos Jogos Olímpicos todos os dias, é o único evento do qual não participei e quero muito tentar me classificar. Vai ser a experiência da minha vida”, finalizou o francês, que voltou em 2023 em eventos menores, vencendo cinco das oito partidas que disputou até então.

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