Londres (Inglaterra) - Frances Tiafoe ficou emocionado ao entrar pela primeira vez no top 10 do ranking da ATP, depois de vencer a final contra Jan-Lennard Struff em Stuttgart. O norte-americano de 25 anos foi o primeiro novo jogador a entrar no grupo de elite nesta temporada.
"É super emocionante para um cara como eu e com minha história”, disse Tiafoe ao site da ATP. "Um cara que nem deveria estar aqui fazendo metade das coisas que faz. E agora, quando você diz o meu nome, pode dizer que sou top 10 do mundo. Isso é algo que ninguém pode tirar de você. Vou me lembrar disso para sempre. E espero poder ficar nessa posição por muito tempo".
Tiafoe já está em Londres e estreou nesta terça-feira no ATP 500 de Queen’s, classificando-se para a segunda rodada do torneio depois de derrotar o holandês Botic van de Zandschulp por 6/2 e 6/4. Ele enfrentará Sebastian Korda nas oitavas.
Os pais de Tiafoe são ambos imigrantes de Serra Leoa. A mãe de Frances, Alphina, trabalhava em dois empregos e seu pai, Frances Senior, trabalhava na manutenção de um clube de tênis em College Park, Maryland. Tiafoe costumava passar um tempo nas instalações, batendo bola contra o paredão sempre que possível. Às vezes, Frances e o irmão gêmeo Franklin dormiam no escritório do pai. Uma carreira no tênis profissional parecia distante. Mas com amor e muita determinação, Tiafoe se tornou um dos juvenis mais promissores do mundo, vencendo o prestigioso Orange Bowl aos 15 anos, em outubro de 2016.
Parceria com Wayne Ferreira foi fundamental
Em 2018, em Delray Beach, ele conquistou um torneio da ATP pela primeira vez em Delray Beach. No ano seguinte, ele entrou no top 30. Porte atlético, velocidade e habilidades defensivas o ajudaram a chegar a esse ponto, mas ainda havia melhorias a serem feitas e ele teve dificuldade para mostrar seu jogo de forma consistente. Pouco antes da pandemia da covid-19, no início de 2020, o sul-africano Wayne Ferreira tornou-se o técnico de Tiafoe, que era o número 81 do mundo na época.
"Você não pode ensinar isso e não quer tirar essa personalidade dele. A personalidade dele é muito, muito especial", escreveu Ferreira sobre Tiafoe, em setembro de 2020. "Mas uma personalidade como essa às vezes é difícil de se converter em foco e intensidade. Tem prós e contras. Ele gosta de jogar tênis. Ele ama o que faz para viver, mas também tem mais dificuldades em manter o foco. Sabemos que se Frances conseguir manter seu melhor nível, ele pode fazer grandes coisas".
O foco de Tiafoe passou a ser o centro das atenções de Ferreira. O ex-número 6 do mundo tentou todos os truques para ajudar seu pupilo a ter um desempenho mais consistente por longos períodos de tempo. O treinamento físico não contou mais com o uso do telefone, por exemplo. Lentamente, com foco aprimorado e atualizações em seu forehand e saque, os resultados começaram a aparecer. A maior recompensa veio no US Open do ano passado, onde Tiafoe derrotou Rafael Nadal a caminho das semifinais.
Em Nova York, o tenista da casa encontrou a combinação perfeita de aproveitar a energia da torcida e manter seu plano de jogo agressivo. Ele ganhou o apoio de muitas celebridades, do ícone da NBA LeBron James à ex-primeira-dama Michelle Obama, e só seria parado pelo campeão Carlos Alcaraz, em uma batalha de cinco sets.
Apenas o terceiro afro-americano no top 10
Tiafoe, na segunda-feira, se tornou o terceiro afro-americano a chegar ao top 10, juntando-se a Arthur Ashe e James Blake. Tiafoe e Taylor Fritz são a primeira dupla de tenistas dos Estados Unidos no Top 10 desde Mardy Fish e John Isner, na semana de 7 de maio de 2012.
"Acho que é uma ótima mensagem para qualquer um saber que você pode alcançar a grandeza, apesar do lugar de onde veio", disse Ferreira durante o US Open do ano passado. "Frances teve a sorte de ter grande ajuda de pessoas ao longo do caminho. É uma ótima história. Espero que um dia façam um filme sobre isso".
