O Australian Open foi tido como o primo pobre dos Grand Slam pelo menos até a última década. Embora seja o terceiro mais antigo dos grandes campeonatos, tendo iniciado sua disputa em 1905, a dificuldade de se chegar à Austrália e o calendário impediram muitas vezes de o torneio reunir os melhores estrangeiros de sua época.
Organizado pela primeira vez no Warehouseman's Cricket Ground, em Melbourne, a competição mudou várias vezes de sede ao longo do século 20. Somente em 1972 a Tennis Australia decidiu concentrar o Aberto em um só local, visando atrair um público maior. O escolhido foi o Kooyong Lawn Tennis Club, em Melbourne.
O Aberto mudou várias vezes também de data. Abria a temporada, depois foi jogado para finalizar o calendário e por fim, em 1987, voltou a ser o primeiro dos quatro Slam do ano. Ao mesmo tempo, o governo estadual construiu um complexo digno de uma competição de Grand Slam: o Flinders Park, trocando a tradicional quadra de grama pelo piso sintético a partir de 1988.
Isso também permitiu que finalmente o torneio tivesse 128 participantes em cada chave de simples, e imitou o US Open passando a ter rodadas noturnas com ingressos vendidos separadamente. O público gostou da mudança e logo na primeira edição do torneio no Park cresceu 80% em relação ao ano anterior. Em 96, após a realização de mais melhorias no local, o complexo mudou de nome, passando a ser chamado de Melbourne Park.
Desde então, o Australian Open tem sido um torneio inovador. Foi o primeiro Slam a ter teto retrátil no estádio principal - hoje já existente em três estádios -, além de liberar imagens ao vivo no site oficial das principais partidas. Também seguiu o US Open e igualou a premiação entre homens e mulheres antes de Paris e Londres. Com fortes patrocinadores, premiação total já atinge hoje a casa dos US$ 49 milhões.
Rodney Heath ganhou a primeira edição da competição. Apenas três anos mais tarde um estrangeiro, o norte-americano Fred Alexander, levou a taça para fora do continente. Grandes nomes do tênis mundial venceram o Aberto nos anos 20 e 30, como o francês Jean Borotra, o inglês Fred Perry e o norte-americano Don Budge. A partir da década de 50, os tenistas da casa voltaram a dominar. Ken Rosewall levou cinco títulos. Rod Laver ganhou o torneio nos anos em que também conquistou o Grand Slam, em 62 e 69. E houve Roy Emerson, o maior em seu país. Ele foi campeão seis vezes, cinco seguidas entre 63 e 67.
A década de 80 foi sueca. Mats Wilander ganhou em 83, 84 e 88, e Stefan Edberg levantou o troféu em 85 e 87. Os suecos só voltaram a brilhar em 2003, com a inesperada conquista de Thomas Johansson. O fim do século foi marcado pelo equilíbrio. De 95 a 99 foram cinco vencedores diferentes: Andre Agassi, Boris Becker, Pete Sampras, Petr Korda e Yevgeny Kafelnikov. Com atuações impecáveis, Agassi chegou ao tetracampeonato e ganhou a total simpatia do público.
O início da temporada e o forte calor fizeram surpresas uma tradição do torneio masculino nos últimos 20 anos. Campeões como Petr Korda, Thomas Johasson e Stan Wawrinka, assim como finalistas do porte de Marcelo Ríos, Arnaud Clement, Rainer Schuettler, Marcos Baghdatis e Fernando González têm sido uma constante.
Novak Djokovic e Roger Federer no entanto ganharam 15 das últimas 18 edições. O sérvio se tornou o primeiro hexa da Era Profissional em 2016 , ao repetir pela quarta vez a decisão contra Andy Murray, e chegou a incríveis nove troféus em outra sequência vencedora de 2019 a 2021. O escocês soma cinco vices.
Já Federer recuperou a coroa em 2017, sete anos depois, com uma histórica campanha em que eliminou quatro cabeças de chave e duelou com Rafael Nadal em épico cinco sets, e manteve o título em 2018.
Por conta das regras sanitárias em vigor diante da pandemia de covid-19, Djokovic foi impedido de entrar na Austrália e acabou deportado numa grande confusão criada às vésperas do torneio de 2022, que acabou com o bi de Nadal numa virada histórica.
Somente em 1922 foi admitido o torneio feminino na Austrália. Daphne Alkhurst dominou nos primeiros anos, com cinco conquistas. Porém, ninguém foi maior do que a australiana Margaret Smith Court. Foram ao todo 11 títulos, entre os anos de 1960 e 73, sendo sete seguidos, de 60 a 66. Duas tchecas destacaram-se nos anos 80. Hana Mandlikova foi a campeã em 80 e 87, enquanto Martina Navratilova levou os títulos de 81, 83 e 85.
Desde então, três tenistas venceram o Aberto por três anos consecutivos. A alemã Steffi Graf dominou de 88 a 90 e a sérvia naturalizada americana Monica Seles, de 91 a 93. Em 97, a rainha nas quadras australianas passou a ser a suíça Martina Hingis.
A partir de 2000, o domínio voltou a ser norte-americano, com as conquistas de Lindsay Davenport e de Jennifer Capriati, em 2001 e 2002, ambas destronando Hingis na final, seguidas por Serena Williams, que completou um notável pentacampeonato em 2010. A chinesa Na Li ganhou em 2014 depois de dois vices, enquanto a belga Kim Clijsters brilhou em 2011 e Vika Azarenka foi bi nos anos seguintes. Serena voltou para o sexto título em 2015 e ampliou suas marcas históricas ao chegar ao 23º troféu de Grand Slam em 2017. Depois, soube-se que estava grávida.
Cinco das seis edições mais recentes viram campeãs inéditas, com Angelique Kerber, Caroline Wozniacki, Naomi Osaka, Sofia Kenin e Ashleigh Barty, que encerrou jejum de 44 anos do tênis australiano no torneio.