Há alguns anos teve grande popularidade uma técnica que, através da data de nascimento e mediante alguns cálculos, avaliava-se para o período de um mês os melhores dias no aspecto físico, mental e emocional. Isto serviria para balizar dias propícios para fechamento de negócios, viagens, mudanças profissionais, etc. Foi o chamado "biorritmo", que teve um sucesso efêmero.
No tênis, todavia, algo semelhante é de vital importância para que sejam avaliados e corrigidos aspectos que podem levar a uma derrota, bem como observar e aperfeiçoar detalhes que conduzem à vitória.
Quantas vezes ouvimos de um jogador, ao sair da quadra derrotado, a expressão: "joguei mal!" Mas se perguntarmos porque ele jogou mal, provavelmente não saberá responder. Ele provavelmente desconhece que para termos um desempenho positivo na quadra, que com certeza nos levará a uma vitória, três fatores devem estar ativos e respondendo simultaneamente às nossas necessidades. Refiro-me aos aspectos técnicos, físicos e mentais/emocionais. Pode parecer óbvio, mas poucos jogadores atentam para estes aspectos.
Inicialmente, a técnica. É o executar com conhecimento, simplicidade e excelência. Simplísticamente falando, é o "saber jogar". O aprimoramento da técnica nos permite executar os fundamentos com a maior eficiência com o menor desgaste. Um jogador que domine a técnica mantém com desenvoltura a bola em jogo (regularidade), consegue com sucesso dominar o direcionamento dos golpes (paralelas e cruzadas), alterna bolas com e sem peso (ritmo) bem como usa no momento certo todo o repertório de fundamentos: "deixadas", lobs, voleios e smashes.
Em seguida, é de fundamental importância o condicionamento físico. O tênis, sabidamente, é uma atividade que exige velocidade e resistência. Ambas compõem o condicionamento físico necessário para levarmos a bom termo uma partida. A velocidade nos permite usar adequadamente o tempo/espaço, evidentemente respaldada pela resistência. Quando esta começa a falhar (cansaço), é óbvio que a velocidade começa a declinar. Desnecessário dizer que a condição física precária inviabiliza toda a técnica.
Por último, mas não menos importante, é a administração e o controle dos aspectos mentais e emocionais. É a forma correta que "vemos" e "pensamos" o jogo, traçamos estratégias e as modificamos se e quando necessário. A disciplina destes aspectos nos permite reagir racionalmente quando em desvantagem, bem como manter o ritmo se estamos em vantagem. No aspecto emocional, é a condição adquirida de manter o controle das emoções, administrando a euforia ou o pessimismo exagerado. Jamais se irritar com o ponto perdido e ter aquela reserva de garra, obstinação, paciência e persistência que caracterizam os vencedores.
Como visto, os aspectos técnicos, físicos e mentais/emocionais devem estar perfeitamente harmonizados no momento que estamos no jogo. A falha ou ausência de qualquer um deles é condição quase que determinante para que amarguemos uma derrota.
Possuir a técnica, estar com uma excelente condição física tanto nos aspectos de velocidade como resistência, mas estar num dia descontrolado emocionalmente, atemorizado diante do adversário, sem condições de "ver" e "pensar" o jogo, é derrota na certa.
Por outro lado, estar emocionalmente e mentalmente perfeito, excelente técnica, mas com uma condição física precária, será muito difícil ganhar o jogo.
Por fim, uma condição física invejável acompanhada de um ótimo comportamento emocional e mental, mas sem dominar a técnica, sem "saber jogar", é melhor investir mais em aulas.
Enfim, faça permanentemente uma análise do seu jogo como um todo. Verifique constantemente os aspectos técnicos, físicos e emocionais. Todos têm igual importância. Pois, de repente, você pode estar investindo mais num aspecto em detrimento dos demais. Uma mudança de prioridades pode fazer com que você passe a vencer os jogos que, costumeiramente, tem perdido!
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