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Por que o forehand de Thiago Wild é diferenciado?
Por Rodrigo Nascimento
05/03/2020 às 10h19

O circuito mundial foi apresentado nas duas últimas semanas ao indiscutível talento de Thiago Wild, um garoto com um nível de tênis muito acima da média, principalmente para quem está prestes a completar 20 anos, e um forehand que, falemos a verdade, é simplesmente um absurdo e merece ser o tema da nossa primeira coluna.  

Antes de comentarmos a tal direita do mais jovem brasileiro campeão de um ATP, agradeço a  TenisBrasil pelo espaço e a oportunidade de falar sobre tênis. Por aqui, o leitor terá a oportunidade de trocar ideias comigo, concordar, discordar – com respeito é sempre melhor – e compartilhar conhecimentos sobre técnica, tática e parte mental. Traremos grandes nomes do tênis mundial para falar diretamente com os leitores do TenisBrasil, tudo isso e mais um pouco.  

O que eu particularmente mais admiro no forehand deste garoto é como ele consegue criar estabilidade e espaço antes de fazer a batida, fruto de uma boa movimentação. Isso sem falar na preparação que inteligentemente começa cedo e com a cabeça da raquete mais para cima. Quando o tenista começa a trabalhar a sua direita assim, ele consegue ficar na bola mais tempo que os outros jogadores, uma vantagem que pouca gente nota e faz uma diferença enorme.  

Quer entender na prática a potência deste forehand? Veja este sequência com seis direitas de Wild, ainda em 2018.



Estive há duas semanas acompanhando um tenista no ATP de Delray Beach e é impressionante como há tenistas neste nível do circuito que ainda não conseguem executar com propriedade uma boa direita, fazendo uso do modern forehand – que sou veemente contra. Quando olho para a direita do Wild, gosto de vê-lo fazendo contato com a bola mais na frente, uma sábia escolha em seu golpe capaz de gerar uma batida com maior penetração e profundidade.

Quer ter uma direita mais pesada? Carregue mais a bola na raquete, bem ao estilo que os jogadores das antigas faziam. Nestes tantos anos que percorri o circuito, sempre escutei que quanto menos força você fizer no tênis é melhor para o seu jogo, embora a mentalidade de uns anos para cá seja totalmente oposta a esta.    

A verdade é que Wild é um diamante, sua equipe, liderada por João Zwetsch, tem feito um belo trabalho. E que fique claro, o garoto não é somente forehand, muito longe disso. A sua esquerda é ótima, bem como o seu saque e o seu comportamento destemido – sem medo de vencer! - na quadra lhe trouxeram estas grandiosas vitórias. O conjunto da obra é o que lhe levará a buscar o top 50 em breve. Torceremos para isso.

Natural de Santos/SP, viaja o circuito profissional como treinador há mais de duas décadas. Neste período atuou como técnico de grandes nomes do tênis mundial, como Monica Seles, Gilles Muller, Sorana Cirstea, Yoshihito Nishioka, Mirka Federer, Jesse Levine e muitos outros. Boa parte do seu conhecimento sobre a vida e o tênis foi adquirido pela convivência muito próxima com uma das lendas do esporte, Betsy McCormack, bicampeão do Australian Open e viúva de Mark McCormack, fundador da IMG. Atualmente, Rodrigo reside na Flórida, nos Estados Unidos, e oferece programas de treinamento para jogadores juvenis e profissionais, além de organizar clínicas de tênis. Ah, e ele ama o seu cachorro e parceiro de vida Gunner. Quem quiser bater um papo no Instagram: @rodrigobr77.

@rodrigobr77


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