O circuito mundial foi apresentado nas duas últimas semanas ao indiscutível talento de Thiago Wild, um garoto com um nível de tênis muito acima da média, principalmente para quem está prestes a completar 20 anos, e um forehand que, falemos a verdade, é simplesmente um absurdo e merece ser o tema da nossa primeira coluna.
Antes de comentarmos a tal direita do mais jovem brasileiro campeão de um ATP, agradeço a TenisBrasil pelo espaço e a oportunidade de falar sobre tênis. Por aqui, o leitor terá a oportunidade de trocar ideias comigo, concordar, discordar – com respeito é sempre melhor – e compartilhar conhecimentos sobre técnica, tática e parte mental. Traremos grandes nomes do tênis mundial para falar diretamente com os leitores do TenisBrasil, tudo isso e mais um pouco.
O que eu particularmente mais admiro no forehand deste garoto é como ele consegue criar estabilidade e espaço antes de fazer a batida, fruto de uma boa movimentação. Isso sem falar na preparação que inteligentemente começa cedo e com a cabeça da raquete mais para cima. Quando o tenista começa a trabalhar a sua direita assim, ele consegue ficar na bola mais tempo que os outros jogadores, uma vantagem que pouca gente nota e faz uma diferença enorme.
Quer entender na prática a potência deste forehand? Veja este sequência com seis direitas de Wild, ainda em 2018.
Estive há duas semanas acompanhando um tenista no ATP de Delray Beach e é impressionante como há tenistas neste nível do circuito que ainda não conseguem executar com propriedade uma boa direita, fazendo uso do modern forehand – que sou veemente contra. Quando olho para a direita do Wild, gosto de vê-lo fazendo contato com a bola mais na frente, uma sábia escolha em seu golpe capaz de gerar uma batida com maior penetração e profundidade.
Quer ter uma direita mais pesada? Carregue mais a bola na raquete, bem ao estilo que os jogadores das antigas faziam. Nestes tantos anos que percorri o circuito, sempre escutei que quanto menos força você fizer no tênis é melhor para o seu jogo, embora a mentalidade de uns anos para cá seja totalmente oposta a esta.
A verdade é que Wild é um diamante, sua equipe, liderada por João Zwetsch, tem feito um belo trabalho. E que fique claro, o garoto não é somente forehand, muito longe disso. A sua esquerda é ótima, bem como o seu saque e o seu comportamento destemido – sem medo de vencer! - na quadra lhe trouxeram estas grandiosas vitórias. O conjunto da obra é o que lhe levará a buscar o top 50 em breve. Torceremos para isso.