Antes de falarmos sobre a retomada do tênis, gostaria de compartilhar com cada um de vocês o meu retorno a Orlando, na Flórida, a cidade que representa as minhas raízes e o meu futuro no tênis. A partir de 1º de junho, começo este novo capítulo da minha história como diretor de tênis competitivo do MetroWest, responsável por toda a operação de treinamento desta academia, liderada por Marcelo Gouts, uma das pessoas mais especiais que conheci no tênis e que durante todos estes anos eu pude manter contato, criar um grande carinho e nutrir um sentimento de gratidão por ele me estender a sua mão no momento mais importante da minha vida.
Foi justamente com o Marcelo que eu ainda criança fiz a minha primeira aula privada de tênis em grupo e dentro de um clube, o Lake Cane Tennis Center. Este lugar me abriu as portas para dar o primeiro passo na carreira de treinador e ainda está há 35 anos sob a gerência do próprio Marcelo. Foi lá que eu realmente nasci para o tênis e agora retorno com dois objetivos: retribuir todo o meu conhecimento adquirido no circuito e concretizar em breve grandes sonhos com novos jogadores de competição.
Para quem não sabe, o governo da Flórida começou ontem a facilitar o relaxamento das regras de confinamento, autorizando em um primeiro nível a reabertura das atividades comerciais. Nessa história o tênis também teve a sua retomada com torneios de exibição feitos em algumas academias da Flórida. O que se sabe é que ao longo de maio haverá diversas competições neste formato, alguns tops da ATP e WTA, como Matteo Berrettini, Reilly Opelka e Alison Riske, estão inscritos para jogar o UTR Pro Match Series.
Particularmente, penso que a retomada do nosso esporte não foi pensada o bastante, principalmente na Alemanha e na Áustria, os precursores deste retorno precoce, e acredito seriamente que os Estados Unidos ainda deveriam aguardar um pouco mais. Entretanto, seguirei as recomendações do governo, bem como as medidas impostas para essa volta gradual.
Para tratar deste tema sob a visão de duas pessoas com grande credibilidade no tênis dos Estados Unidos, convidei o próprio Marcelo Gouts, que possui dois grandes centros de tênis em Orlando, e Brian Rosenthal, comentarista de tênis universitário na ESPN e fundador da RDUTennis, empresa que oferece programas de treinamentos de tênis para diversos grupos localizados em Washington, Carolina do Norte e Orlando. Para eles, o tênis realmente atravessará mudanças sensíveis para se ajustar às exigências estabelecidas pelos órgãos de saúde e recomendações feitas recentemente pela USTA.
Gouts explica primeiramente o impacto destas mudanças sob a ótica dos seus negócios. “Assim como diversos locais, nossas academias também foram totalmente fechadas, mas devem retomar em breve as operações e passaremos por um processo de adaptação aos novos tempos. Queremos retomar a nossa série de torneios até o final do verão e começo do outono. Vejo que as nossas aulas em grupo serão mais limitadas, o que será benéfico para o desempenho dos juvenis e profissionais nos treinos”, avalia, citando que a gerência de suas academias MetroWest e Lake Cane seguirá todas as normas estabelecidas pela associação norte-americana de tênis.
Quando eu deixar a cidade de Wellington e retornar a Orlando nas próximas semanas, seguirei com máximo de rigor todas as medidas possíveis, principalmente neste primeiro momento. Colocarei no máximo dois jogadores por quadra, respeitando o distanciamento, a ausência total de contato físico e o uso obrigatório de máscara. Essas ideias também são compartilhadas por Rosenthal e seus parceiros de negócios. “Estou em contato diariamente com diferentes centros de treinamento nos Estados Unidos, e muitos deles querem retornar este mês com as exigências de que somente o professor toque nas bolinhas de tênis – pois talvez o vírus possa ser disseminado pelo contato com a bola -, que o instrutor utilize máscara para dar aulas e coloque os seus alunos a uma distância de pelo menos 1,80m entre eles”, afirma.
Este “novo normal” que acaba de chegar ao mundo tênis faz com que uma boa parte dos praticantes ainda tenha receio e não volte imediatamente para a quadra. “Eu vejo que os pais de crianças que jogam tênis e os próprios jogadores com uma cabeça mais conservadora não voltarão às quadras até que uma vacina seja desenvolvida. Eu particularmente os encorajo a ficar em casa se eles possuem esse pensamento. Precisamos respeitar a opinião e grau de confiança que cada um tem neste momento”, explica Rosenthal, enquanto Gouts reitera que o retorno dos amadores ocorrerá de forma gradual. “Todos os jogadores encontrarão uma maneira de se adaptar para continuar a jogar tênis. Considerando nossos programas locais de treinos, eu realmente acredito que o tênis em Orlando estará novamente no seu pico durante o outono mesmo, a partir de setembro”, disse. Tanto MetrosWest como Lake Cane estão fechados e devem retomar suas atividades dentro de duas semanas.
Recado aos brasileiros
A Flórida é o destino de diversos brasileiros, seja para o lazer ou mesmo começar uma nova vida. Neste momento que a região começa a retomar o seu ritmo de circulação, devemos valorizar o próximo e respeitar todas as recomendações.
Marcelo Gouts: “Orlando tem orgulho de sua diversidade e capacidade de acolher diversas comunidades, inclusive a dos brasileiros. Esperamos que vocês possam voltar a visitar nossa cidade, pois não tenho dúvida que em um período curto o tênis voltará a ser uma grande força na região central da Flórida”.
Brian Rosenthal: “Se as mortes e os indicadores de infectados continuarem crescendo em seu país, por favor permaneçam em suas casas. Jogar tênis será em algum tempo uma opção para todos. Se alimentem bem, façam exercícios em casa ou em locais seguros, e desenvolva novos hobbies que terão um impacto positivo em suas vidas”.