Ele tinha um aluno, garoto de 13 ou 14 anos, para o qual fazia todos os esforços a fim que ele evoluísse no tênis. Mas não havia jeito. Não que o aluno não tivesse algum talento, mas todos os esforços do professor eram em vão, face ao desinteresse, desatenção e indisciplina do garoto. As orientações e explicações eram recebidas com indiferença e desrespeito que se somavam às brincadeiras de amigos, fora da quadra, que o aluno trazia para a aula. De minha quadra ao lado, eu a tudo assistia. Por várias vezes, orientava o professor sobre a necessidade de levar o assunto aos pais. Mas ele, por receio e inexperiência, relutava em tomar uma decisão.
O assunto teve um desfecho quando o pai do garoto, demonstrando irritação, procurou o professor para dizer que tinha batido umas bolas com o filho e este não mostrara qualquer evolução, parecendo até que tinha regredido. Como eu estava ao lado, pedi licença e informei ao pai que era testemunha dos esforços do professor, mas o garoto não se empenhava e o comportamento deixava muito a desejar. O pai entendeu, desculpou-se com o professor e disse que tomaria providências. A partir daí, o aluno melhorou o desempenho em aula, mudou a conduta pessoal e hoje joga um bom tênis.
Este fato demonstra a necessidade de haver uma comunicação constante, de mão dupla, entre pais de alunos em iniciação e evolução no tênis e o professor. Durante anos verifico que, na grande maioria dos casos, os pais não fazem a mínima idéia de como está o filho nas aulas, qual o grau de interesse e progresso. Muitas vezes não sabem sequer o nome do professor. Limitam a pagar as mensalidades e só.
O professor, quase sempre, acomoda-se a esta situação. Limita-se a dar a sua aula e receber a mensalidade, evitando qualquer outro envolvimento que não seja o dever de estar na quadra no momento combinado e cumprir sua obrigação.
O bom senso e a adequada postura profissional recomenda que o professor periodicamente informe aos pais o desempenho da criança em aulas, tanto no aspecto técnico como comportamental e disciplinar. Mudanças de humor, apatia, cansaço exagerado, desinteresse, indisciplina, dificuldade de verbalização e sociabilização, devem ser observados e informados.
Os pais também devem ser conscientizados de que é praticamente ilusório imaginar que, pelo fato de a criança iniciar o aprendizado, breve estará apto a competir e ser um, talvez, jogador profissional. Deverão ser informados que as aulas, quase sempre em grupo, obedecem a uma linha recreativa e lúdica, filosofia atual da maioria dos clubes e academias. São grupos heterogêneos nos aspectos talento, interesse e empenho. Evidentemente, isto passa muito longe de um treinamento técnico planejado, objetivando uma preparação para competições.
Aprimorando o fluxo de informações, com o professor informando periodicamente aos pais o desempenho dos filhos e os pais, por sua vez, interessando-se pelos filhos em aula, com certeza diminuiremos a quantidade de crianças e pais frustrados pelos filhos não serem novos Federer ou Nadal e professores estressados tentando fazer o impossível.