Instrução | Equipamento
"Tunando" a sua raquete
Por Fabrizio Tivolli
10/04/2008 às 14h20

Cada vez mais, temos conhecido equipamentos que nos ajudam a modificar no mínimo sutilmente a raquete de tênis, sejam eles acessórios ou até sofisticadíssimas máquinas que nos auxiliam no acerto de nossas raquetes. Nesta matéria, conheceremos o que pode ser feito e que resultado gera em nosso jogo a modificação de nosso equipamento.

O primeiro passo é ter a noção exata do que precisa ser modificado. É normal ao trocar um modelo de raquete, que com o passar do tempo, o tenista com conhecimento de jogo mais apurado, saiba detectar se precisa de um pouco mais de potência, controle em seus golpes ou simplesmente necessita apenas de uma raquete mais pesada.

É aí que entram as fitas de chumbo. Na minha opinião, mais importante do que quanto peso usar é onde o colocar, pois isso mudará drasticamente o resultado de uma batida. Muitos tenistas têm a impressão equivocada que só se acrescenta peso na cabeça da raquete quando, na verdade, temos três principais tipos de variações a serem analisadas:

Acrescentar peso na cabeça: Esta medida serve quando o tenista acha que sua bola está chegando muito curta a quadra adversária. Neste caso, usamos fitas de chumbo da metade do aro para frente. Isso mudará o ponto de equilíbrio da raquete e, consequentemente, a deixará com mais peso na cabeça, proporcionando golpes mais longos.

Acrescentar peso no cabo: Quando achamos que nossas bolas sempre estão saindo um palmo, dois palmos, por mais que tentemos fazer o movimento certo, além de poder aumentar um pouco a tensão das cordas, usar um certo peso no cabo da raquete certamente será de grande valia, pois esta atitude modificará o ponto de equilíbrio da raquete em direção ao cabo, o que resultará em mais controle nos golpes.

Acrescentar peso no coração da raquete: Ao usarmos o peso na parte que une a cabeça da raquete ao cabo, chamada de coração, teremos uma raquete mais pesada no geral, sem alterar o ponto de equilíbrio, ou seja, se você por acaso, acha que sua raquete está ótima, não quer mudar a distribuição de peso e só sente falta de alguns gramas, o que deve ser feito é incluir o peso no coração.

Em qualquer um dos casos, é sempre imprescindível usar as máquinas que temos hoje à disposição para "balancear" sua raquete, pois estas maravilhas tecnológicas fornecerão dados a respeito de nossas raquetes, essenciais na hora de saber o que e quanto deve ser alterado. Estas máquinas podem responder se seu par ou trio de raquetes está realmente igual. Devemos também levar em consideração o modelo de raquete que será alterado. Acredito que esse tipo de mudança só é válido quando a alteração não for muito exagerada, pois se é necessário se usar muito peso a mais, já entra outro problema que é esforço a mais do tenista. Não se esqueçam que 10 gramas que sejam de diferença, são sempre muito significativas, principalmente no final do segundo set de um jogo duro! Pensem nisso.

Também é comum, quando nos deparamos com um par de raquetes supostamente igual, que as raquetes de um mesmo modelo, às vezes, apresentem variações, principalmente se são de lotes diferentes. Quando temos o palpite ou a certeza de que as raquetes estão diferentes, isso nos deixa, no mínimo, psicologicamente alterados. No meio de um jogo, por exemplo, se sabemos que as raquetes têm o mínimo de variação, certamente vamos ficar pensando neste detalhe na hora da partida. Imagine na hora de fechar o primeiro set e a corda arrebenta, você vai pegar a outra raquete pensando "E agora... a raquete é diferente!"

De qualquer maneira, é sempre válido tentar aprimorar seu equipamento
quando se sente falta de algo. O máximo que pode acontecer é o tenista
não gostar do resultado e tirar o chumbo usado. No Brasil Open de 2007, por exemplo, Marcos Daniel (atual número 1 do Brasil) sentiu uma diferença em uma das 7 ou 8 raquetes que ele havia acabado de receber. Vimos na máquina que essa diferença em uma delas realmente existia e era de 4 gramas! Isso foi acertado e foi um problema a menos para ele.

Portanto, se você acha que balanceamento e tunning (afinação) são apenas para carros, estão enganados. Vamos pegar nossas raquetes e mãos à obra!

Um dos mais renomados especialistas em equipamentos para tênis do Brasil, com quase duas décadas de experiência. Encordoador oficial do Australian Open 2017; encordoador oficial do Brasil Open em 3 oportunidades além de outros torneios ATP nível Challenger. Membro da Associação Europeia de Encordoadores. Certificado pelo francês Lucién Nogues durante a convenção Babolat Brasil. Esteve presente em Roland Garros 2017, convidado para acompanhar a sala de encordoamento do torneio e últimas tendências do circuíto. Autor de dezenas de matérias sobre equipamentos de tênis nos maiores veículos de comunicação do esporte. Proprietário e responsável pela área de tênis no grupo Tivolli Sports/Raquetemania, em Alphaville -SP.

fabrizio@raquetemania.com.br


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