Instrução | Aprendendo e ensinando
O professor de tênis: ontem e hoje
Por Henrique Terroni Filho
08/02/2012 às 14h20

Em qualquer atividade, a figura do professor - seja ensinando, treinando, orientando ou coordenando -, é de fundamental importância. De maneira competente, ele deverá transmitir toda a sua experiência para aqueles que estão se iniciando na nova atividade, seja ela qual for.

Em matérias anteriores, abordando outros assuntos, sempre enfatizei a importância do professor de tênis, desde a iniciação do aluno através do aprendizado básico, passando pelo aperfeiçoamento e culminando com o treinamento objetivando a competição. Seja ela puramente amadora, através de rankings e torneios de fim de semana, até a preparação de jovens que buscam uma profissionalização. Em todo esse processo, o professor, assumindo as funções de técnico ou treinador, é fundamental.

O professor é o primeiro contato que o aluno, criança ou adulto, tem com o mundo do tênis. Sua atuação não se limita a ensinar e aperfeiçoar. É mais abrangente, pois tem de agir como um motivador, incentivador e, para as crianças, muitas vezes como um educador. Para tanto não basta ser alguém que "dê aulas" baseadas em atividades de ex-pegador com alguns cursos rápidos de fim de semana. São necessárias outras qualidades como responsabilidade, maturidade, respeito ao aluno, domínio dos fundamentos e vivencia do tênis competitivo.

Mas atualmente as coisas não são bem assim! Na realidade, a figura do professor de tênis vem se depreciando, já tendo sido muito abrangente e significativa do que nos dias de hoje. Para os iniciantes no tênis... um pouco de história!

Num passado recente, meados dos anos 70, quem quisesse aprender e jogar tênis necessitava ser sócio de um clube. Academias praticamente não existiam e nos clubes é que estavam os professores, geralmente com muitos anos "de casa", muitos já na "meia idade". Em torno deles gravitava toda a atividade tenística do clube. Todos ex-grandes tenistas, com títulos nacionais e internacionais, experientes em competições e em tudo que se relacionasse com o tênis.

Além das aulas particulares, tinham a responsabilidade de formar, treinar, inscrever e acompanhar as diversas equipes, masculinas e femininas, de todas as idades e classes, que defendiam o clube nos importantes torneios interclubes da época. Foram os precursores das primeiras "escolinhas", atuais clínicas, com 20, 30 crianças na quadra, que atentamente ouviam e praticavam seus ensinamentos.

Paralelamente, administravam tecnicamente os departamentos de tênis dos clubes, com 300, 400 tenistas ou mais, promovendo e coordenando torneios internos e abertos, rankings, etc. Responsáveis pela contratação e coordenação do pessoal técnico do departamento - professores auxiliares, pegadores de bolas e tratadores de quadras. Profundos conhecedores das quadras de saibro (único piso na época), assessoravam e coordenavam a construção, reforma e manutenção das quadras.

Este era o perfil dos professores de tênis. Responsáveis, experientes e dedicados. Todos com grande e rica história na modalidade. Pelas mãos destes professores foram formados grandes jogadores, muitos com experiências bem sucedidas no exterior, alguns ainda ministrando aulas e outros proprietários ou dirigentes de grandes academias.

Deixando as lembranças de lado, voltemos aos dias de hoje!
Outro dia, fui a uma academia visitar o proprietário, meu amigo. Enquanto aguardada sua chegada, observei dois rapazes jogando. Jovens, 20, 22 anos. Batiam forte, mas sem técnica, quase nenhuma regularidade. A cada erro reclamavam em altos brados, batiam a raquete no chão ou a jogavam longe, em uma demonstração clara de falta de controle.

Quando terminaram vieram ao meu encontro e me cumprimentaram. Aproveitei para perguntar:
- Vocês estão treinando para algum torneio?
Um deles me respondeu:
- Vamos jogar um torneio de quinta classe brevemente. Na verdade, somos professores. Damos aulas numa academia próxima. Treinamos aqui, pois o piso é rápido e lá só tem saibro. Agora, temos de sair correndo, pois temos de dar aulas, senão mais uma vez chegaremos atrasados. E saíram apressados, um rindo dos erros do outro!

Ao me ver só, percebi que as frases daqueles rapazes não me saiam da cabeça: "Somos professores"... "damos aulas"!

De repente, minhas lembranças voltaram para minha infância. Meu início no tênis. Meu pai, um grande professor. E outros professores da época.
Neste momento, percebi o quanto o tênis estava mudado!

Henrique Terroni Filho; 1ª classe da Federação Paulista; participou de competições oficiais nacionais e internacionais até meados de 1970. Professor de tênis para adultos e crianças há 25 anos. Autor do Programa "Tênis: terapia para crianças"; em conjunto com psicólogos. Consultor para clubes e academias nas áreas administrativa; financeira e técnica. Formação em Administração de Empresas; pós-graduação em Administração Financeira e Marketing; curso em Psicologia do Esporte.

hterroni@ig.com.br


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