Em um passado recente era muito raro o tenista amador ter algum tipo de lesão ou contusão. Mesmo considerando que, comparada aos dias de hoje, a tecnologia dos equipamentos e informações era rudimentar. As raquetes eram de madeira, pesadas, com poucas opções de marcas e modelos. O cabo era revestido de couro, altamente desconfortável. Eram encordoadas manualmente, de forma artesanal, pois as máquinas não existiam. A pressão nas cordas ficava por conta do conhecimento que o encordoador tinha do dono da raquete, se houvesse esse conhecimento. Não se falava em “libras”, tão comum hoje. Os calçados (tênis) eram simples, longe da tecnologia atual de materiais, peso e amortecimento. E as informações para prevenção de lesões não tinham a difusão como nos dias atuais. Com todas essas limitações, era raro alguém interromper suas atividades em função de um problema físico.
Atualmente com toda a evolução tecnológica nos equipamentos, através de raquetes de diferentes marcas, modelos, milimétricas variações de pesos e grips, feitas de materiais de última geração, anti-vibradores que minimizam vibrações decorrentes de golpes mal efetuados, modernas máquinas de encordoar, bolas e calçados específicos para pisos lentos e rápidos e o notável avanço na área da prevenção e informação médica, observo cada vez mais jogadores interrompendo sua atividade tenística em decorrência de problemas nas articulações (pulso, cotovelo, joelho), ombros e coluna. Por que isso vem ocorrendo?
Buscando respostas, conversei com muitos jogadores que interromperam aulas ou suas atividades no tênis em função de algum problema físico. Esta matéria, sem nenhuma pretensão de adentrar nas áreas de fisiologia ou médica, limita-se apenas a aspectos técnicos, é o resultado destas conversas e observações. Atente se algum dos aspectos a seguir está ocorrendo na sua atividade tenística e corrija-os com urgência.
1 - Iniciação por conta própria.
É muito comum. O pretendente a tenista começa jogando com parentes ou amigos. Entra na quadra e corre para todo o lado, tentando, seja como for, bater na bola. Está a um passo de uma lesão ou contusão. A iniciação, o aprendizado dos fundamentos bem como a maneira correta para as deslocações, deve ser através de aulas com um profissional experiente.
2 – Aulas inadequadas.
A aula deve respeitar e ser adequada às características individuais e pessoais de cada aluno, como faixa etária, peso e sedentarismo. Aprender a jogar não é correr de um lado a outro da quadra. Se você está cansando mais do que aprendendo, provavelmente a carga física a que você está sendo submetido pode estar superior a sua capacidade de suportá-la. Se necessário, faça uma reavaliação de suas aulas e converse com seu professor. Na fase inicial do aprendizado, sem os devidos cuidados, dores, contusões e lesões são muito freqüentes.
3 – Posturas e posições erradas.
O tênis jogado corretamente compõe-se de movimentos suaves, naturais, em que o esforço físico para executar o golpe é substituído pela harmonia dos movimentos, resultando na melhor eficiência com o menor desgaste. Posições erradas, deficiência na preparação e terminação dos golpes, golpes executados sem a observância da distância e altura ideal da bola, batidas fora do centro do aro da raquete, deslocações bruscas e desordenadas, são fatores que podem ocasionar problemas físicos. Observe se após uma aula ou jogo, existe ponto de dor ou incômodo. Talvez seja necessário alterar a mecânica de um ou mais golpes.
4 – Aquecimento e alongamento.
Especialistas em preparação física enfatizam a importância do aquecimento e alongamento muscular. Com toda a informação e literatura a respeito, o amador acima do peso, sedentário e fisicamente destreinado, típico esportista de fim de semana, não atenta para uma preparação física prévia. Entra na quadra batendo forte na bola e correndo descuidadamente de um lado para outro. Está a caminho de uma contusão.
5 – Respeito aos limites.
Aspecto responsável pela ocorrência de muitos problemas físicos. Atingir e ultrapassar limites é assunto para profissionais. O amador destreinado, acima do peso, após uma semana sedentária, na primeira oportunidade procura “matar a vontade”, jogando além de seus limites físicos, às vezes por horas seguidas. A fadiga muscular pelo excesso de exercício é o caminho mais curto para lesões e contusões. Sem contar que desaparece técnica, estratégia, raciocínio, etc, pois no tênis “técnica e cansaço não combinam”.
Da mesma forma, tentar salvar aquele ponto impossível, com exagerado esforço, não é uma atitude inteligente. Respeite seus limites. Ao sinal de fadiga, pare! E aquela bola “impossível”, deixe para o adversário.
6 – Piso e raquete.
Se você é usuário do saibro, deverá ter alguns cuidados quando jogar no piso sintético (duro, rápido). No saibro, o deslizar é uma constante, admitindo-se uma aproximação mais cadenciada. No piso sintético (cimento, “lisonda”, etc) inexiste o deslizar, substituído por uma deslocação mais rápida e antecipada. Neste caso, as articulações são mais exigidas, as flexões de joelho são uma constante, devendo-se evitar as paradas bruscas que levam às quedas e torções. No piso sintético, o ideal é a leitura antecipada da trajetória da bola, que permite que o jogador já esteja posicionado no momento do golpe. São detalhes técnicos que seu professor saberá orientá-lo.
A raquete, bem como a tensão das cordas, deve estar de acordo com seu biótipo e o que você deseja do seu jogo: mais potência ou controle.
A observância dos aspectos mencionados, isoladamente ou em conjunto, fará com que o tenista, iniciante ou avançado, fique menos propenso a lesões e contusões que o impeça de praticar seu esporte predileto. Esteja atento e jogue saudável, se quiser, pela vida toda.