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Billie Jean King defende mudança em nome de quadra
12/01/2018 às 15h35

Ex-número 1 defende que a Margaret Court Arena mude de nome

Foto: Divulgação

Melbourne (Austrália) - Em comemoração aos 50 anos de seu título do Australian Open, Bille Jean King foi homenageada nesta sexta-fiera em Melbourne com o prêmio de Mulher do Ano no Australian Open. Entretanto, o tom festivo foi deixado de lado durante a entrevista coletiva da ex-número 1 do mundo.

Billie Jean defendeu publicamente que a Margaret Court Arena, segunda quadra mais importante do Melbourne Park, tenha que mudar de nome por conta de recorrentes comentários da campeã de 24 Slam contra a comunidade LGBT. O caso mais recente aconteceu em maio, quando Court, que é pastora pentescotal, afirmou que pessoas transexuais seriam "influenciadas pelo diabo".

"Eu estava bem quanto a isso, mas ultimamente ela disse muitas coisas depreciativas sobre minha comunidade. Sou uma mulher homossexual, e isso realmente atingiu meu coração e alma. Eu pessoalmente não acho que ela deveria ter seu nome no estádio", disse Billie Jean King, sobre a possibilidade de mudarem o nome da quadra.

"Se alguém falasse dessa forma sobre povos indígenas, judeus ou sobre qualquer outra pessoa, não posso imaginar que o público quisesse ver seu nome em algo", explicou a vencedora de 12 títulos de Grand Slam. "Se eu fizesse parte da votação, o que não sou eu, eu gostaria que o nome fosse mudado".

Quando ela falou que filhos de transgêneros são filhos do diabo, foi o meu limite porque todos somos filhos de Deus. Os jovens que são LGBT têm uma taxa de suicídio muito maior, então, se Margaret ou qualquer um, for desonesto conosco não é saudável", complementou a norte-americana.

Considerada uma das jogadoras mais ativas na luta pela profissionalização do esporte, Billie Jean reforçou até que já foi a favor de Court ser homenageada por sua história no esporte, mas que ao dar nome a uma instalação ela deveria assumir mais responsabilidades.

"Ela ganhou 24 títulos de Grand Slam, mais do que qualquer outra pessoa. Quando deram o nome de Rod Laver para a Arena, as pessoas disseram: 'O que vão fazer para Margaret?'", comentou a americana, sobre o estádio inaugurado em 2003 e remodelado em 2015, quando passou de terceira para a segunda quadra em importância do Melbourne Park.

"Acho muito importante para quem dá o nome a qualquer coisa que você seja hospitaleiro, inclusivo e abra os braços para todos que chegam a uma instalação pública", explicou Billie Jean King, que dá nome ao complexo de tênis onde é disputado o US Open em Nova York.

"Eu tenho meu nome em uma instalação nos EUA e toda vez que eu vejo meu nome nele, mal consigo respirar por causa da responsabilidade que me acompanha. Gostaria de dar as boas-vindas a Margaret, gostaria de receber os pentecostais, gostaria de acolher quem quer que seja, concordando com eles ou não".

A campeã de 18 títulos de Grand Slam Martina Navratilova, que também é homossexual, reforça o coro de que o nome do estádio deva ser trocado, ainda que ela ressalte a importância que Court tem na história do tênis. "Ela pode continuar no Hall da Fama. O fato de Margaret ter opiniões homofóbicas não tira suas realizações e não há dúvidas sobre isso. Mas não se pode dar o nome dela a um prédio. Você daria hoje o nome dela há um prédio novo? Não, não há chance", disse Navratilova ao New York Times.

Diretor de torneio no Australian Open, Craig Tiley sugeriu que "as opiniões de Margaret não são nossas opiniões", e acrescentou que a decisão sobre o que chamar de estádio não era dele. "Isso depende de um grupo mais amplo de pessoas". Perguntado se houve um processo em andamento para mudar o nome, Tiley respondeu: "Não que eu esteja ciente. Há várias partes interessadas e uma conversa em curso, mas nenhum processo formal. Nós assumimos nossa liderança e nossa posição junto ao governo".

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