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Demoliner explica fim de parceria com neozelandês
21/02/2018 às 08h00

Demoliner ocupa atualmente o 45º lugar no ranking

Foto: Fotojump
Felipe Priante

Rio de Janeiro (RJ) - Um ano após viver a melhor temporada da carreira, com quatro vice-campeonatos em 2017, o gaúcho Marcelo Demoliner começou 2018 cheio de incertezas, a começar pelo parceiro. Ele desfez a dupla com o neozelandês Marcus Daniell e ainda não conseguiu achar alguém para jogar fixamente e por isso vem patinando nesta largada do ano.

Eliminado na estreia no Rio Open, onde jogou com o francês Gael Monfils, o gaúcho explicou o porquê do término com Daniell, com quem se dava bem dentro e fora das quadras. "Ele estava com uma lesão no quadril meio que séria e não sabia se iria operar e se poderia fazer a pré-temporada. Foi uma decisão minha, pois tinha uma insegurança", revelou em entrevista para o TenisBrasil

Ainda caçando um parceiro fixo, Demoliner ao menos colhe os frutos das boas campanhas nos últimos anos, entre elas algumas nas duplas mistas em Grand Slam ao lado da espanhola Maria José Martínez, conseguindo assim alguns nomes interessantes para jogar ao seu lado.

Outro ponto positivo na carreira do gaúcho de 29 anos foi sua estreia em Copa Davis, vencendo o seu jogo no Zonal Americano I contra a República Dominicana em partida que teve o número 1 do mundo Marcelo Melo ao seu lado. "Ele te traz uma confiança muito legal e te dá recursos para que você possa ficar bem à vontade", comentou o destro de Caxias do Sul.

Veja como foi o bate-papo com Demoliner:

Como veio essa decisão de encerrar a parceria com Marcus Daniell?

A gente tinha um acordo para jogar uma temporada e no final do ano a gente não estava treinando tanto junto porque ele estava com uma lesão no quadril meio que séria e não sabia se iria operar e se poderia fazer a pré-temporada. Foi uma decisão minha, pois tinha uma insegurança de como ele estaria no começo do ano. Fiquei com receio de não dar certo com ele e ficar sem ninguém. Eu já estava meio que emparceirado com dois duplistas, mas no fim das contas não consegui ficar fixo com eles e fiquei sem parceiro

O começo do meu ano não tem sido positivo em relação a resultados, mas o meu nível de jogo está bom. É mais uma questão de encaixar bem com alguém. Sei que depois de Miami o pessoal dá uma mudada e então posso arrumar alguém. Estou buscando alguns nomes. Tenho que manter a tranquilidade porque estou relativamente novo para a dupla. Sei que posso de ganhar de qualquer um, já venci grandes nomes.

Foi difícil para você ter que tomar essa decisão?

Foi muito difícil, porque nunca tinha passado por essa situação. É complicado, você tem que medir as palavras para explicar o motivo de tomar aquela decisão. A nossa amizade é muito grande ainda, mas isso foi questão de negócio e ele entendeu os meus pontos. Graças a deus ele não precisou fazer a cirurgia e conseguiu reverter a situação com um procedimento novo. Ainda sente dores, mas consegue seguir jogando.

Como foi fazer sua estreia na Copa Davis contra a República Dominicana?

Foi uma honra jogar ao lado do número 1 do mundo e Davis era uma coisa com a qual sempre sonhava. Já tinha ficado como reserva em outras oportunidades e foi muito legal poder jogar. A situação estava muito complicada, a quadra estava horrorosa, as bolinhas eram as mais rápidas possíveis. Em simples foi mais difícil, mas na dupla também fui duro, só que nosso nível era superior ao deles e mesmo assim era muito difícil de quebrar. Quero jogar mais vezes, com certeza terei outras oportunidades e foi muito gratificante.

Jogar com o Marcelo Melo foi especial? Deu para pegar alguma coisa de positivo?

É muito tranquilo jogar com ele, dentro de quadra ele te traz uma confiança muito legal e te dá recursos para que você possa ficar bem à vontade. Na rede quando eu sacava, sabia que tinha um paredão na rede e quando ele sacava sabia que o primeiro voleio ia ser bom. Além disso me ajudou bastante fora de quadra, sempre me respondendo quando perguntava alguma coisa. Espero ter novos momentos com ele e com o Bruno também, que é outro cara que sempre me ajuda.

Você sente que seus resultados recentes, com quatro finais no ano passado, te ajudam a conseguir parceiros neste momento?

Com certeza. Eu e Marcus vencemos grande rivais e isso nos deu um nível maios e todos no circuito acabam vendo. Você chega em uma segunda semana de Grand Slam e todo mundo fica querendo saber que é você, o vestiário se fala e o mundo do tênis é pequeno. Além do mais, sou um cara que se relaciona bem com as pessoas. Como sou assim os ouros gostam, me enturmo com a galera e às vezes quando peço uma chance eu consigo. Foi assim no ano passado com o Querrey e neste ano com Monfils.

Como funciona essa sua negociação com os jogadores para arrumar parceiros?

Os jogadores têm os contatos um dos outros no telefone, além disso se fala sempre na sala dos jogadores. O mundo do tênis é muito pequeno e eu não tenho medo de falar com os caras. Se eu preciso de um parceiro, não tenho medo de pedir uma chance, o não eu já tenho e se eu receber o sim é um lucro. Quando alguém dá uma chance como Querrey e Monfils os outros também acabam vendo e isso é bom para mim. Fognini inclusive falou que podemos de repente fazer dupla em algum torneio por aí.

Neste Rio Open você jogou com Monfils. Como surgiu essa parceria?

Joguei contra ele em Quito e fomos derrotados. Lá eu ia jogar com o Lorenzi em Buenos Aires e Rio, mas depois da Davis ele me mandou uma mensagem avisando que não ia porque tinha sofrido uma fratura por estresse. Aos 45 do segundo tempo achei o Garcia-Lopez para jogar lá na Argentina e comecei então a ver para o Rio. Em Quito eu falei com ele na fisioterapia e expliquei a situação perguntando se ele topava. Foi assim e ele ficou de me responder em Buenos Aires e deu certo.

Nas duplas mistas, você e a espanhola Maria José Martínez tiveram bons resultados nos Grand Slam. Como você sente esse entrosamento dentro de quadra com ela?

A primeira vez que jogamos foi em Roland Garros, no ano passado. Eu ia assinar com outra menina, mas íamos ficar fora e quando faltava uns 10 minutos estava a Maria lá e ela tinha ranking que juntando com o meu a gente entraria, decidimos na hora. Ganhamos dois bons jogos e perdeu nas quartas contra o Farah. Ela gostou de jogar comigo e em Wimbledon combinamos de repetir a parceira.

Seu estilo é cheio de toque, não tem tanta força e isso atrapalha mais os homens. Eu fico lá fazendo minhas macaquices, sou rápido na rede e tento sempre cruzar. A gente se entrosou e deu certo, fizemos outra semi neste ano (no Australian Open). Gosto bastante de jogar dupla mista porque me ajuda na renda, não tenho tantos patrocínios e preciso buscar uma renda extra. Se você faz uma semi em Grand Slam dá uma ajuda boa. E também faz bem para o ego, já joguei na quadra central do Australian Open e de Wimbledon.

Você já tem sondagens para depois de Miami? E qual sua programação para as próximas semanas?

Depois de Acapulco (vai jogar com Querrey) tem Indian Wells e Miami, não consegui entrar no primeiro e no outro ainda falta duas semanas, tenho algumas possibilidades, mas não dá para garantir. Ainda tem a assinatura "on-site" e estou vendo se tiro um coelho da cartola. Devo treinar nas duas semanas de Indian Wells para Miami. Para ser sincero espero Miami terminar para ver o que posso ter pela frente, já estou em contato com outros caras para ver de jogar nos torneios do saibro. Às vezes é melhor pegar um cara que está com um ranking mais baixo, mas que já esteve lá em cima. Vou estudar direitinho e torcer para encaixar alguma coisa legal.

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