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Raonic, Venus e Simon apoiam os juízes de linha
10/02/2021 às 15h40

Gilles Simon foi o maior crítico da mudança e lembra que sistema eletrônico também não é 100% preciso

Foto: Divulgação

Melbourne (Austrália) - A inédita condição do Australian Open de 2021, disputado sem juízes de linha para reduzir a circulação de pessoas no Melbourne Park durante a pandemia, segue dividindo opiniões no circuito. A nova regra já foi testada em alguns torneios e está sendo utilizada pela primeira vez em um Grand Slam. Nomes como Novak Djokovic, Serena Williams e Dominic Thiem aprovaram a mudança, mas outros tenistas experientes como Milos Raonic, Gilles Simon e Venus Williams apresentaram seus motivos para que o modelo anterior seja restabelecido.

Raonic destacou o fato de que muitos juízes de linha dos grandes eventos acabam depois retornando para seus países e trabalham como supervisores de torneios menores. E que por isso é importante que eles ganhem experiência no alto nível, em prol de melhoras no tênis como um todo.

"Você precisa dessas pessoas para os níveis mais baixos de tênis, em torneios juvenis, por exemplo, não necessariamente sendo juízes de linha, mas para organizar e supervisionar os eventos, para garantir que as coisas estejam indo no caminho certo. Acho que muitas pessoas adquirem essa experiência trabalhando nos Grand Slam. Então, acho que se tirarem esse aspecto da base, como você faz para treinar essas pessoas?", questionou o canadense.

Simon lembra que sistema novo também erra
Gilles Simon foi o maior crítico da mudança ao destacar que o problema afeta jogadores e árbitros, além de lembrar que o sistema eletrônico não é 100% confiável. "O maior problema é que esse sistema também não é preciso. Eu joguei sem juiz de linha no ATP de Colônia no ano passado e tivemos erros graves. O Hawkeye Live pode ser imparcial e neutro, mas também tem momentos óbvios em que a gente gostaria que as chamadas fossem corretas", disse Simon depois da derrota para Stefanos Tsitsipas na última terça-feira em Melbourne. "Acho também que sentimos falta de desafiar as marcações. Os jogadores gostam de desafiar. Era uma coisa boa poder rever o vídeo três vezes. Obviamente, agora não dá para desafiar uma bola chamada fora por uma máquina".

O ex-top 10 acredita que seus colegas de circuito lidam melhor com erros da máquina, porque não precisam alimentar teorias no calor da partida. "Surpreendentemente, os jogadores preferem lidar com o erro da máquina do que com o erro do árbitro, porque acham que é alguma coisa pessoal. Somos paranoicos e sempre achamos que os árbitros têm algo contra nós, e que é por isso que eles cometem erros. E com a máquina você não consegue ter essa paranoia. Mas há um problema, especialmente quando você consegue ver muito bem que a bola não caiu onde está marcado".

Simon também afirma que a mudança de regra pode causar uma perda de qualidade dos árbitros de cadeira, que não precisariam prestar tanta atenção no jogo. "Eu não sei se isso tem relação com o Hawkeye Live, mas o nível da arbitragem está caindo. Os árbitros estão menos concentrados durante os pontos. Tem muitas chamadas de 'let' que eles não veriam se não fosse a máquina. Hoje em dia os árbitros estão obcecados pelo tempo entre os pontos. Já falei sobre isso em Roland Garros. Eu tenho a impressão que eles só têm uma missão na quadra, que é te dar um warning quando você estoura os 25 segundos para sacar. É isso que eu sinto. Quando vou pegar uma toalha, fico num estado de stress permanente".

Já Venus Williams foi econômica nas palavras, depois da vitória sobre Kirsten Flipkens ainda na rodada de estreia. "Acho que os juízes de linha também são bastante precisos. Eles geralmente acertam em cheio. Mas pode ser interessante ver para onde isso vai dar".

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