Melbourne (Austrália) - Vencedora de quatro títulos de Grand Slam, sendo dois Australian Open e dois US Open, Naomi Osaka quer expandir o seu domínio para além das quadras de piso duro. Para isso, a japonesa e seu experiente treinador Wim Fissette já traçam planos para melhorar seu jogo no saibro e também na grama, visando as disputas de Roland Garros e Wimbledon.
"Estou muito animada, porque quero ser boa em muitas coisas diferentes e a sensação de fazer uma coisa pela primeira vez também é ótima. Para mim, é uma prioridade real. E também quero completar minha coleção de troféus. Estão faltando dois", disse Osaka em entrevista ao WTA Insider.
Osaka ainda não tem títulos no saibro, mas teve bons resultados em 2019, ano em que foi semifinalista de Stuttgart e chegou às quartas em Roma e Madri. "Sinceramente, eu não jogo mal no saibro. Já joguei bem em alguns torneios, mas simplesmente não fui longe no Grand Slam como todos esperavam que eu fosse. Mas acho que isso também é um processo", explica jogadora de 23 anos.
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"Sinto que tenho tudo o que preciso para jogar bem no saibro e na grama, mas acho que ainda não me sinto totalmente confortável em nenhuma das superfícies porque eu realmente não joguei no saibro ou na grama enquanto crescia e joguei na quadra dura basicamente por toda a minha vida", acrescenta a atual número 2 do mundo, que nunca passou da terceira rodada em Roland Garros ou Wimbledon.
"Da última vez que joguei em Roland Garros, perdi para a [Katerina] Siniakova, mas tive oportunidades. Eu realmente me lembro de pensar que era capaz de vencer aquele jogo, mas não consegui. Eu acho que quanto mais eu jogar no saibro, melhor eu fico", ponderou e ex-líder do ranking. "Na grama, posso definitivamente dizer que é uma questão de experiência. Eu não me sinto confortável na quadra, mas aprendo mais a cada ano que passa e tenho conversado com muitas pessoas. Tem gente que sabe dizer como a bola vai quicar com base na altura do corte da grama. Eu nem entendo o que isso significa, mas sei que eles são muito experientes. Espero chegar lá um dia".
Experiente, treinador aposta em calendário cheio
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O técnico Wim Fissette, que já trabalhou com outras ex-líderes do ranking como Victoria Azarenka, Kim Clijsters, Simona Halep e Angelique Kerber, também falou sobre o que a japonesa precisa para se dar bem em outros pisos. "Ela é uma pessoa que se move naturalmente na quadra. Basta ver a maneira como ela se movimenta, a forma como ela gera potência e como ela pode construir os pontos. Há muitas coisas que me fazem acreditar que ela possa ter um bom desempenho no saibro. Mas ela precisa de jogos, de confiança nessas partidas e de um determinado plano de jogo".
"Lembro-me de quando eu estava trabalhando com a Kim [Clijsters] e ela não jogava muitos torneios no saibro. Ela jogava um ótimo tênis, mas quando errava algumas bolas, ela já começava a duvidar do seu plano de jogo. Ela pensava: 'Talvez eu devesse ter batido mais forte nessa bola' ou 'talvez eu devesse ter sido mais paciente nesse ponto'. Acho que quando você não tem muitos resultados nesses pisos, é fácil começar a duvidar", relembra o treinador de 40 anos. "Se Naomi joga em quadra dura, tenta um winner de forehand e erra, ela pensa: 'Ok, da próxima vez eu vou acertar'. Mas talvez nesses outros pisos ela pensará, 'Oh, talvez eu devesse ter batido com um pouco mais de margem' ou 'talvez eu devesse ter feito isso', então é fácil começar a duvidar.
Fissette acredita que a melhor opção para a japonesa é disputar um número grande de torneios nesses pisos e que ela deve ter uma evolução nítida nos próximos dois anos. "Temos que aproveitar as oportunidades para jogar muitas partidas e espero ter sucesso. Mas, caso contrário, também temos aprender com as derrotas eventualmente. E então tenho certeza que ela terá sucesso em ambas as superfícies. Talvez já neste ano ou provavelmente no próximo. Mas não vejo nenhuma restrição para ela jogar bem nessas superfícies".